I
Eu me sinto um bordado,
Que preso ao pano de chão,
É só um motivo decorado,
Onde os outros pisarão.
E em contraste agressivo,
Com tudo que não se baste,
Os opostos eu revivo,
Na nobreza deste traste.
Assim no nefasto, imundo,
Viés da peça de linho,
Compreendo um outro mundo,
E me torno mais sozinho.
II
Ao escrever eu mesmo bordo,
Meus sentimentos em um tecido,
A cada ponto em mim recordo,
Essa vontade de não ser lido.
Pois quando lêem simplesmente,
As rudes formas que escrevi,
Não saberão da letra ausente,
Nos outros pontos que eu vivi.
E se o infortúnio desse bordado,
Não me permite alinhavar,
Eu te advirto ler com cuidado,
Porque enfim, não sei bordar.
O.T.Velho
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
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5 comentários:
Um estilo bem diferente, a "linhaça" prova que a beleza da nossa língua pode ser admirada de maneiras infinitas.Parabens Ozanã; gostei muito.
É exatamente assim q ás vzs nos sentimos. Um retalho, um motivo a mais a enfeitar - mtas vzs, preso ao chão, tentando entender o outro, e nem sempre sendo visto e compreendido.
eu te vi no orkut do Alessandro Lustosa.
Gostei do que li.
Uh quantas vezes me senti assim hein?!
Adorei!=)
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