sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

QUADRO IV

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
.
I - ANÔNIMOMITO
.
Eu tornei-me esta vereda,
Por onde segue sem rumo,
A pequena labareda
Que se apaga quando durmo.
.
E porque não se recorda
Do pavio que a tem presa
De meu sonho não acorda
E nem pode ser acesa.
.
Não importa o que eu faça
Neste vasto pesadelo
Porque tudo ali se passa
Só pra eu não esquece-lo.
.
II - COMICIDADE APREGOADA
.
Eu guardei-me na gaveta
Como troço envelhecido
Que não coube na ampulheta
Ou lá fora esquecido.
.
Como pão quando amanhece
Sobre a mesa da cozinha
Porque a gente quando esquece
Faz a corda virar linha.
.
E assim nalguma foto
Que alguém levou de mim
Nem eu mesmo nela noto
Que sou eu ali, enfim.
.
III - ALADAS
.
Direi palavras a esmo
Só pra ouvi-las, talvez,
Numa voz que sou eu mesmo
Repetindo outra vez
.
E como tolas, perdidas
O vento leva consigo
As minhas frases não ditas
Guardadas vento comigo
.
E do que nunca saberei
Ou daquilo que perdi
Eu somente fingirei
O que não sei, ou esqueci.
.
F.T.Oliveira

0 comentários:

 
Conservatório Íntimo © 2008. Design by Pocket