quinta-feira, 15 de novembro de 2007

PARADISUM

quinta-feira, 15 de novembro de 2007
I
Meu violão sangra um fá,
Inconsistente e banal,
Assim ele diz-me o que há,
E assim eu sofro igual.

Tange em compasso um ré,
Se perde nas dores do dó,
É como um beato sem fé,
Suas cordas fizeram um nó.

A custo um sol ele lança,
Na pretensa curva do mi,
E quando o lá o alcança,
Ele se esquece do si.

II
Ah violão por que choras
Que dor te faz magodo
Será acaso a das horas
De quando és dedilhado?

Ou só a mesma presença
Daquele que te dedilha
Compôs em ti a sentença
E dor igual compartilha

Ou será um acaso, amigo,
E teu destino é somente
Viver a dor sem castigo:
Tocar o que outro sente.

O.T.Velho

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